quarta-feira, 23 de março de 2011
domingo, 29 de agosto de 2010
DESTEMIDA
Deito na cama
e pra cima de mim, mia
rosnando no ouvido,
enquanto esqueço o amargo do dia
Acomoda-se sobre a barriga
seu bigode colado na minha cara erguida
Às vezes me lambe
E eu, desprevenida,
não temo uma mordida,
afinal felinos não são como alguns homens
escrito em 30/11/04
e pra cima de mim, mia
rosnando no ouvido,
enquanto esqueço o amargo do dia
Acomoda-se sobre a barriga
seu bigode colado na minha cara erguida
Às vezes me lambe
E eu, desprevenida,
não temo uma mordida,
afinal felinos não são como alguns homens
escrito em 30/11/04
CASTA
Se um dia faltarem-me os homens,
me deliciarei com os gatos
Aquilo que rossa,
apronta,
me unha,
lambe
e rasga o que não presta da minha poesia já gasta
Senhores de outro tempo,
Imperadores agora rosnando por afago
Terei-os por toda a casa,
enquanto eu, gata.
escrito em 15/11/08
me deliciarei com os gatos
Aquilo que rossa,
apronta,
me unha,
lambe
e rasga o que não presta da minha poesia já gasta
Senhores de outro tempo,
Imperadores agora rosnando por afago
Terei-os por toda a casa,
enquanto eu, gata.
escrito em 15/11/08
ABDUZIDA
Abduzida
era do modo como sentia-se
[sempre havia]
trazida para os mais recôngidos espaços
seres alados de sexo nu
semblante inundado
pelo rubro sentir de tirar o fôlego
necessidade de afago
[dá-me uma febre tonta]
encharcada de torpor
deserto de pêlos eriçados
ressentida já de tudo vivida
mesmo assim, ainda viva
iríamos para o sexto quarto?
tínhamos como meta o translado
tranpassado pelos poros para sempre abertos
falando de metafísica, além do corpo
[não vou nem mesmo além de mim]
quem dirá além do outro
S entir-se em
EX cepcional
(des) O rdem
seria muito para aquele simples dia
de chuva fina e frio nos pés:
permanecemos intactos.
escrito em 19/06/2006
era do modo como sentia-se
[sempre havia]
trazida para os mais recôngidos espaços
seres alados de sexo nu
semblante inundado
pelo rubro sentir de tirar o fôlego
necessidade de afago
[dá-me uma febre tonta]
encharcada de torpor
deserto de pêlos eriçados
ressentida já de tudo vivida
mesmo assim, ainda viva
iríamos para o sexto quarto?
tínhamos como meta o translado
tranpassado pelos poros para sempre abertos
falando de metafísica, além do corpo
[não vou nem mesmo além de mim]
quem dirá além do outro
S entir-se em
EX cepcional
(des) O rdem
seria muito para aquele simples dia
de chuva fina e frio nos pés:
permanecemos intactos.
escrito em 19/06/2006
TENRA
Pudesse sair semeando flores
de circo e girassol
pudesse, neste chão de sal,
onde por entre o quartzo, cresce o vivo,
fazer minha morada de cama-almofada verde cor-de-folha
pudesse, enfim, ser teu fruto
objeto de sumo doce
tantas e tantas vezes concebido por entre teus dedos,
cujos desejos talvez sejam
brotar e viver por entre tudo o que é ipê e cacto florido.
escrito em 13/07/05
de circo e girassol
pudesse, neste chão de sal,
onde por entre o quartzo, cresce o vivo,
fazer minha morada de cama-almofada verde cor-de-folha
pudesse, enfim, ser teu fruto
objeto de sumo doce
tantas e tantas vezes concebido por entre teus dedos,
cujos desejos talvez sejam
brotar e viver por entre tudo o que é ipê e cacto florido.
escrito em 13/07/05
/JE (T'AI)ME/
Compartilhar Dominique A. e a onipresença da fumaça que sai do incenso e se espraia por entre meus dedos. Pra te observar, me observando, perguntando, sem som, sobre os caminhos de dentro. Dois anjos e uma cama redonda. Pra te contar que na primeira transa vesti a roupa do dia do boicote ao prazer próprio. Puro prazer do contragosto. Boicote louco, com o qual, cada vez mais consigo dialogar, a fim de que vaze pra fora do inconsciente e, assim, eu vá longe, entretanto no mesmo lugar.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
sábado, 17 de outubro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
SOLISTA PALAVRESCA CONTÍNUA
Sulcos na carne
palavra adentro
alimento
fluxo contínuo sugando suor
respiro/respiro/respiro
giro incessante
-Como negamos-nos tantas e tantas vezes? Diga-me, palavra!
Solista palavresca contínua
por vezes escapulindo entre os dentes
mordendo a mim mesma
meu esperma Hera
que me lança
lança/lança/dança
giro no som
saliva
solista de som imaginário
quedas desmedidas
respiro
teu hálito forma a minha linfa
arcada única das sílabas sulcando o corpo
inflando o peito
corteja
goteja
lanternas gotejando dos teus olhos
aos meus
aos montes
montes de Vênus
teu peito
meu púbis
Minha boca rima com seu falo.
palavra adentro
alimento
fluxo contínuo sugando suor
respiro/respiro/respiro
giro incessante
-Como negamos-nos tantas e tantas vezes? Diga-me, palavra!
Solista palavresca contínua
por vezes escapulindo entre os dentes
mordendo a mim mesma
meu esperma Hera
que me lança
lança/lança/dança
giro no som
saliva
solista de som imaginário
quedas desmedidas
respiro
teu hálito forma a minha linfa
arcada única das sílabas sulcando o corpo
inflando o peito
corteja
goteja
lanternas gotejando dos teus olhos
aos meus
aos montes
montes de Vênus
teu peito
meu púbis
Minha boca rima com seu falo.
OUTONO-INVERNO
Carente de orvalho
lótus estirada [seca]
- quase pálida -
nutrida por raízes
de tropismos incertos
lótus estirada [seca]
- quase pálida -
nutrida por raízes
de tropismos incertos
A(u)MBIG(u)O
Perdemos-nos no olhar daqueles que nos enxergam como fêmeas de instinto exacerbado, manifestado através do corpo. Sonoros encontros, olhar que diz o que não se vê, olhar através, senhoras luas, ambíguas nuas. Umbigo girando no mundo, onde se encontra o etéreo, signo outro, desaguando em processos oculares, odores da pelugem, algo que comunica a língua aos lábios. Sinestesicamente atingidas é o que somos.
BACANTE
Fiz da madrugada, descoberta
espelho, silêncio, mil tons soando
internamente vermelho cereja apenas
fruta que volta a tornar-se madura flor
exalando cheiros, temperos de mil e uma noites
negando gratuitos prazeres , querendo a nudez bacante após versos de Dante
sonhei, sonhei, no céu estrelas bandeiras
pra me guiar, quatro luas
e bocas líricas.
espelho, silêncio, mil tons soando
internamente vermelho cereja apenas
fruta que volta a tornar-se madura flor
exalando cheiros, temperos de mil e uma noites
negando gratuitos prazeres , querendo a nudez bacante após versos de Dante
sonhei, sonhei, no céu estrelas bandeiras
pra me guiar, quatro luas
e bocas líricas.
DRAMA DOS OLHOS - Ato I
COBRE
ROSA
RUBRO
BEJE
COR
SILÊNCIO
RUBRO
SILÊNCIO
NÃO
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
CORAÇÃO
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
TUM-TUM-TUM
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
BOCAS
SILÊNCIO
E
S
I
L
E
N
C
I
O
ENQUANTO POSSO.
ROSA
RUBRO
BEJE
COR
SILÊNCIO
RUBRO
SILÊNCIO
NÃO
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
CORAÇÃO
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
TUM-TUM-TUM
SILÊNCIO
SIM
SILÊNCIO
BOCAS
SILÊNCIO
E
S
I
L
E
N
C
I
O
ENQUANTO POSSO.
Dei pra escrever-te assim, nua, lápis em punho, feito seu pau -rijo- quando em contato com minha coxa.
Dei pra escrever-te louca, exalando fogo pela boca, capaz de incendiar a Torre de Babel que sustenta nosso ato.
Dei pra escrever-te assim, desse jeito, boba, sedenta pra gargalhar quando seu íntimo me invade.
Dei pra escrever-te sua,
simplesmente porque dei-te,
e nada mais agora tem volta.
Dei pra escrever-te louca, exalando fogo pela boca, capaz de incendiar a Torre de Babel que sustenta nosso ato.
Dei pra escrever-te assim, desse jeito, boba, sedenta pra gargalhar quando seu íntimo me invade.
Dei pra escrever-te sua,
simplesmente porque dei-te,
e nada mais agora tem volta.
INDEFINIDO
Vasto corpo de carne trêmula
meu perder-se acompanha o vai-e-vem da onda na areia
de início, erguida, ficando esguio o ventre,
arrebato-lhe o quadril contra o corpo,
sucinta explosão que me causa
Em movimento contínuo
jorram sumos de flores
licores
orvalhos da madrugada
mel de abelhas selvagens
fazendo brotar arrepios
do ventre à raiz dos cabelos
Vasto corpo de carne trêmula
território de dedilhar livre
em noites de lua crescente
corpo compositor de melodias incertas
ruidos sonoros, gemidos
É tua a minha mão na boca pensando em ti.
meu perder-se acompanha o vai-e-vem da onda na areia
de início, erguida, ficando esguio o ventre,
arrebato-lhe o quadril contra o corpo,
sucinta explosão que me causa
Em movimento contínuo
jorram sumos de flores
licores
orvalhos da madrugada
mel de abelhas selvagens
fazendo brotar arrepios
do ventre à raiz dos cabelos
Vasto corpo de carne trêmula
território de dedilhar livre
em noites de lua crescente
corpo compositor de melodias incertas
ruidos sonoros, gemidos
É tua a minha mão na boca pensando em ti.
TATOS
Estilhaçar de cactos
tontos espasmos
alvorada
isso que me sai
buscando-me completa
Espectadora de mim mesma
me avisto, leve, cálida, tímida
me avisto e me perco
sangria e grilhões através dos montes
Carrego o mundo entre as pernas
tontos espasmos
alvorada
isso que me sai
buscando-me completa
Espectadora de mim mesma
me avisto, leve, cálida, tímida
me avisto e me perco
sangria e grilhões através dos montes
Carrego o mundo entre as pernas
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